sábado, 24 de novembro de 2012

33 - Respeite o quádruplo!

Aqui vamos tratar de solo de cavaquinho.
Posição não é acorde,  é a colocação dos dedos da mão esquerda ocupando um quádruplo do cavaquinho, quando você está solando. Qual quádruplo? Qualquer um que você deseje, se você coloca o dedo1 na casa1, então dedo2 na casa2, dedo3 na casa3 e dedo4 na casa4, então, você está usando o quádruplo 1.  Mas isso vale para todas as cordas, veja abaixo:











Se você posiciona o dedo1 começando na casa2, então o dedo4 estará na casa5, essa posição é quádruplo 2, porque o dedo1 está na casa2.











Entendeu? O quádruplo é ditado pela posição do dedo 1 em alguma casa, Se você vai solar o cavaquinho e coloca o dedo1 na casa8, você vai usar o quádruplo 8.


Pra que  serve isso? Serve pra todo solo da música, você deve respeitar o quádruplo onde está posicionado, se é casa para dedo 3 não vá usar o dedo 2, mesmo que pareça mais fácil, só parece, mas não é verdade! Só isso, esse respeito ao quádruplo,  faz fluir um solo.
Mas, dá pra respeitar o quádruplo o tempo todo? Não. Existem situações em que a regra vai ser rompida, vamos ver isso brevemente. Até lá, respeite o quádruplo, depois não vá dizer, estou custando a solar!

Abraço,
Ivan Siqueira

32 - Que acorde!

(Primeiramente leia o post 29)
Um internauta,  amigo de música há muitos anos, gostou do post 29, onde eu tentei passar um diálogo que tive na década de 70 com meu primeiro professor de Harmonia, e onde  comentei sobre o acorde de C7M(#5) que o tal professor desejava que eu dissesse em que escala esse acorde nasceu! Bem, já comentei lá no post que ele pode ser encontrado em duas escalas, na escala menor melódica e na escala menor harmônica.

Mas, meu amigo não estava preocupado com isso, no seu e-mail ele me faz a seguinte afirmação e pergunta: ”tenho anos de música e nunca vi um acorde desse tipo com C7M  e ainda (#5) no mesmo acorde, alguém já usou isso?”

É verdade, esse não é um acorde dos mais usados, mas pode ser encontrado em música clássica(meu professor de Harmonia era um músico clássico, um maestro que compunha sinfonias), mas o acorde de C7M(#5) também pode ser encontrado na música popular, sim. Por exemplo, João Bosco já usou em “Papel Marchê”:







Abraço,
Ivan Siqueira

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

31 - Entendendo os graus bemolizados

(Leia primeiramente os posts de número 29 e 30)

No post anterior eu falei em grau bIII. O que é isso?
Sempre que se bemoliza alguma nota de uma ESCALA MAIOR temos que colocar esse símbolo de bemol(b) no grau da escala correspondente.
Veja abaixo uma escala MAIOR, a escala de LA MAIOR. Sabemos que a tonalidade de LA MAIOR tem 3 #, o fa#, o do# e o sol#. Assim a escala de LA MAIOR apresenta as notas e os graus abaixo:






Agora, vamos transformar uma ESCALA MAIOR em uma ESCALA MENOR MELÓDICA. Basta bemolizar o grau III. O grau III é a nota do#, mas vamos bemolizar essa nota, ou seja, descer 1 semitom, então, virou a nota do, e o grau não é mais o  III, passou a bIII.






Agora, vamos transformar essa ESCALA MENOR MELÓDICA em uma ESCALA MENOR HARMÔNICA. Basta bemolizar o grau VI. O grau VI é a nota fa#, bemolizando ela passa a ser a nota fa. Pronto, temos aí uma escala menor harmônica. Observe que ela tem graus bIII e bVI.






Se você deseja transformar  a ESCALA MENOR HARMÔNICA em uma ESCALA MENOR NATURAL, basta bemolizar o grau VII. Eu não fiz, mas faça você. Os graus ficarão assim:
I    II    bIII    IV    V    bVI    bVII

RESUMINDO
1)      Os graus da ESCALA MAIOR que deu origem a essas escalas menores, são:
               I     II     III     IV    V    VI     VII
2)      Os graus da escala MENOR MELÓDICA são:
I     II      bIII      IV      V      VI      VII
3)       Os graus da escala MENOR HARMÔNICA são:
I     II      bIII      IV      V      bVI     VII
4)      Os graus da escala MENOR NATURAL são:
I     II      bIII      IV      V      bVI     bVII


É isso, essa história de bemolizar os graus de uma escala maior.
Abraço,
Ivan Siqueira

30 - Três tipos de escalas menores

(Leia primeiramente o post de número 29)
É muito fácil! Vamos trabalhar de uma só vez o conhecimento de 3 tipos de escalas menores.
ESCALA MENOR NATURAL
Escala menor natural é uma escala  que existe dentro de uma outra escala, dentro da ESCALA MAIOR. Se você conhece uma ESCALA MAIOR, no grau VI de toda escala maior começa a ESCALA MENOR NATURAL, e tem as mesmas notas da ESCALA MAIOR onde ela stá inserida, só que ela começa no grau VI da escala maior.


ESCALA MENOR HARMÔNICA
Basta alterar ascendentemente o grau VII da escala menor natural para obter a ESCALA MENOR HARMÔNICA. O grau VII é a nota sol, então, o sol vira sol#. Quais a notas da escala menor harmônica? As mesmas notas da escala menor natural, mas com o grau VII aumentado em meio tom.








ESCALA MENOR MELÓDICA
Tem as mesmas notas da escala menor harmônica, mas com o grau VI alterado ascendentemente em meio tom. Ou seja, além do sol#, tem fa#. Veja:








PADRONIZANDO
Vamos padronizar esses conhecimentos em itens:
1)      Onde eu pego uma ESCALA MENOR NATURAL? Pega no grau VI de uma escala MAIOR e segue com as mesmas notas da escala MAIOR.
2)      Como eu faço uma ESCALA MENOR HARMÔNICA?  Faz com as mesmas notas da ESCALA MENOR NATURAL, mas no  grau VII aumente 1 semitom.
3)       Como eu faço uma ESCALA MENOR MELÓDICA? Faz com as mesmas notas da ESCALA MENOR NATURAL, mas aumente os graus VI e VII em 1 semitom.

Pode ser difícil isso? Depende, se o amigo internauta não sabe montar as notas das escalas MAIORES, que é onde começa tudo, aí, o bicho pega! Então, estude as ESCALAS MAIORES antes.

Como eu faço essas escalas no violão, no piano, na flauta, no cavaquinho? Bem, aí é outro assunto, é técnica de escalas, assunto para outras postagens
Abraço,
Ivan Siqueira  





29 - Um diálogo que marcou a vida!

Conhecer escalas é fundamental para um músico, seja qual for o instrumento dele. Para um solista, não dá um passo se não conhece escalas. Para um improvisador,  mesmo um iniciante,  não improvisa, se não conhece escalas. E para músicos dedicados a harmonia, não conseguem harmonizar ou entender uma determinada harmonia, se não conhecem escalas.  Mas, conseguem acompanhar uma música? Conseguem, porque “acompanhar” é um ato mecânico, não é harmonizar! Assim, conhecer escalas é fundamental. Eu próprio passei uns bons 10 a 12 anos da minha vida musical, na minha fase inicial, sem conhecer escalas, e sem conhecer harmonia, apenas “acompanhando”, até que um dia resolvi aprender harmonia, e o professor fez um pequeno teste, e viu que eu não conhecia escalas, e me alertou, sem escalas não aprende harmonia nunca! A pergunta que ele me fez foi exatamente essa:
- Onde você encontra um acorde do tipo C7M(#5)?
E eu disse:
- Basta colocar uma 5ª aumentada em um C7M.
 E ele disse:
- Sim, mas em que escala esse acorde existe?
E eu perguntei:
- Mas, por que é importante conhecer a escala, não basta eu fazer o acorde?
E ele, me mostrando a fragilidade dos meus conceitos:
- Mas quem vai fazer o acorde pra você saber que naquele momento a música pede aquele acorde? Quem vai ser essa alma caridosa?
E eu, me defendendo:
- Alguém que já harmonizou a música, e eu uso o que já está pronto!
E ele, encerrando a questão:
- Bem, então você não deseja estudar Harmonia, você deseja aula de seu instrumento, o violão, e, como o que eu toco é o violino, não tenho como te ensinar o que você precisa!
Eu, fiquei meio desconcertado, porque eu não desejava aulas de violão, mas de Harmonia, por isso havia procurado por ele em uma conceituada Escola de Música, em  São Paulo nos anos 70. E então, eu disse:
- Mas, professor, o que eu desejo é estudar Harmonia mesmo.
E ele, com toda a categoria de um professor:
- Então, você precisa me dizer, em que escala você encontra um acorde do tipo C7M(#5).
E eu, derrotado, mas ainda tentando mostrar que eu conhecia alguma coisa, eu disse:
- Eu não sei, mas sei que um acorde do tipo C7M é encontrado nos graus I e IV das escalas maiores, mas esse aí,  não sei,  é um acorde modificado? – soltei essa doido pra acertar.
E o professor, concluiu:
- Nada de acorde modificado. Se não conhece escalas, nunca vai entender onde os acordes surgem. Então, nossa primeira aula é sobre escalas. Preparado?
E eu, meio decepcionado comigo mesmo:
- Totalmente.
Assim, iniciei meu primeiro curso de Harmonia. Com os dias, eu esperava ansioso o dia da aula!
Ah! Quase ia me esquecendo, acordes do tipo C7M(#5) são encontrados no grau bIII da escala menor harmônica e na menor melódica. Tão fácil! Mas eu não sabia! Mas, como saber? Estudando escalas.
Olhe a escala de LA MENOR HARMÔNICA:





Olhe abaixo o acorde que se forma no grau bIII:





Abraço,
Ivan Siqueira
  

domingo, 18 de novembro de 2012

28 - Vou, mas volto!

O que ja postei no blog é um material que pode ser mais digerido a cada nova leitura, sugiro que você releia os temas, porque pode aproveitar melhor a cada nova leitura, induzido pelo conhecimento que cada nova postagem traz, alicerçando as postagens mais antigas. Isso acontece comigo, a cada novo conhecimento vou entendendo melhor o que não entendia antes. Quando eu era muito garoto comprei o Manual de Harmonia, de Schoenberg, foram anos sem entender aquilo! Mas, a cada nova leitura dele, e de outras coisas por fora,  fui compreendendo Schoenberg. É osso duro de roer!   

Hoje, domingo(18),  estou viajando para afazeres junto da família, e a família sempre ganha! Mas, eu volto para continuar essa cachaça!

Abraço,
Ivan Siqueira

27 - Intervalos de quarta

(Primeiramente leia o post anterior, o de número 26)

No post 26 entendemos o que sejam INTERVALOS,  vimos os intervalos de SEGUNDA e de TERÇA, aqui vamos entender os intervalos de QUARTA.

O que é um intervalo de QUARTA? É a distância  entre duas notas, mas que passam por 4 notas seguidas. Um exemplo: do-fa.  É uma QUARTA porque contém do-re-mi-fa.
Mas do-fa# também é uma QUARTA, porque contem também do-re-mi-fa, mas é claro que do-fa é menor do que do-fa#. Isso levaria a  idéia de que do-fa seria uma QUARTA MENOR e do-fa# seria uma QUARTA MAIOR, mas não é assim, porque os intervalos de QUARTA não são maiores e menores, não existem essas classificações quando se trata de QUARTAS. Então, como é?

Quando a QUARTA tem 2 tons e meio ela é uma QUARTA JUSTA. Guarde apenas isso. Vamos, então, procurar quartas justas? Veja:





Encontrei essas quartas justas aí acima, do-fa; la-re;  mi-la. Mas existem muitas outras, é só procurar! Não se esqueça, tem que ser QUARTA e ter 2 tons e meio!

QUARTA DIMINUTA
Nem toda quarta tem  2 tons e meio, pode ser QUARTA mas ter apenas 2 tons. Nesse caso chamamos de QUARTA DIMINUTA. Exemplos:
do-fab
la-reb
mi-lab

Você viu aquele primeiro exemplo, do-fab, e aí você poderia dizer, mas fa bemol é o mesmo que a nota mi, então seria igual a do-mi. ERRADO! Cuidado, do-mi não é QUARTA, é TERÇA, então seria outra a classificação. O som de do-mi é o mesmo som de do-fab, mas do-mi é TERÇA e do-fab é QUARTA.

QUARTA AUMENTADA
Se a QUARTA for maior do que a QUARTA JUSTA, chamamos de QUARTA AUMENTADA. Já sabemos que a QUARTA JUSTA tem 2 tons e meio; a QUARTA AUMENTADA tem 3 tons. Veja:
do-fa#
la-re#
mi-la#

Abaixo vou mostrar a diferença de tamanho entre quarta justa, quarta diminuta e quarta aumentada.






Abraço,
Ivan Siqueira

26 - Intervalos de segunda e de terça

Nas grandes escolas de música do país e do exterior existem cursos, ou módulos, que antecedem os módulos sobre Harmonia. É onde são tratados assuntos que ainda não são sobre harmonia, mas fundamentais, básicos,  ao entendimento de harmonia. Um desses assuntos é INTERVALOS.

Intervalo é a distância entre duas notas. Assim como existem o metro e o quilômetro, que são medidas de distâncias, existem os intervalos musicais, que também são medidas de distância.

As notas se apresentam em uma ordem, e vão se repetindo em oitavas:




O que é um intervalo de SEGUNDA?  É a distância entre duas notas seguidas. Vou dar 4 exemplo de SEGUNDAS: do-re; mi-fa; sol-la; si-do. Mas isso não basta, porque do-re tem 1 tom enquanto mi-fa tem apenas meio tom, então chamamos do-re de SEGUNDA MAIOR e mi-fa de SEGUNDA MENOR. Assim, qualquer intervalo que tiver 1 tom é SEGUNDA MAIOR e se tiver meio tom é SEGUNDA MENOR. Então, eu pergunto, o que são os intervalos sol-la  e si-do. Classifique esses dois.

O que é um intervalo de TERÇA? É a distância entre duas notas, mas que passa por 3 notas seguidas. Vou dar dois exemplos de TERÇAS: do-mi; la-do. Como eu sei que são TERÇAS? Basta contar quantas notas seguidas cada um deles contém: do-re-mi, então, do-mi é uma TERÇA; e o outro la-si-do também é uma TERÇA(la-do).
Mas do-mi não tem o mesmo tamanho de la-do. Enquanto do-mi tem 2 tons, o outro, la-do só tem 1 tom e meio. Assim, toda TERÇA que tem 2 tons se chama TERÇA MAIOR, se tem 1 tom e meio chama-se TERÇA MENOR.  Veja fisicamente o tamanho de uma TERÇA MAIOR e de uma TERÇA MENOR.





Agora é com você, classifique os intervalos abaixo:
1)      re-fa
2)      sol-si
3)      mi-sol
4)      re-fa#


E se eu tivesse incluído o intervalo  fa-si como um dos exemplos? Ah, seria uma pegadinha, porque fa-si não é TERÇA, é QUARTA, verifique você!  Mas ainda não falei dos intervalos de QUARTA, mas eles são muito importantes.

Se você entendeu bem esse post, já sabe classificar intervalos de SEGUNDA e de TERÇA. E os outros intervalos? Vem aí pela frente,

Abraço,
Ivan Siqueira

sábado, 17 de novembro de 2012

25 - Analisando uma harmonia

É um ótimo exercício analisarmos uma harmonia sem saber qual é a música. E precisa? Acho que não, basta ficar de olho nos acontecimentos!
O primeiro passo é procurar saber o tom da música e já se situar no campo harmônico.  É preciso ter todos os campos harmônicos na cabeça, mas se não tem, escreva as funções e os acordes para servir de orientação.  Se você sabe que a música está no tom de RE MAIOR, então:













Veja a harmonia da música abaixo:











Você viu que a música está no tom de RE MAIOR,  conhece o campo harmônico, então, já podemos  fazer a análise  harmônica:













Entendendo a análise harmônica.  O primeiro acorde é um grau I, ou I7M. O segundo acorde é exatamente um grau V7, mas com duas notas acrescentadas, uma 4 e uma 9, sem problemas, podemos acrescentar tensão(9 11, 13)em qualquer acorde do tipo V7. Mas, o importante é saber que esse acorde é a dominante primária do tom em análise. E essa dominante buscou sua resolução no grau  I7M.
O movimento se repetiu do compasso 4 para o 5, mas ainda no compasso 5 apareceu um acorde B7/D#. A dominante primária desse tom é A7, então, esse cara aí é dominante, mas não primária, mas pode ser uma dominante secundária. Pra ser, precisa o que? Precisa resolver em um acorde do campo harmônico. Já sabemos que todo acorde do campo harmônico tem sua dominante secundária. O que esse B7/D# tem que fazer pra provar que é uma dominante secundária? Tem que buscar a resolução a uma quarta justa(2 tons e meio). E ele , de fato, buscou, ele foi para um Em, então, da nota si até a nota mi, tem mesmo 2 tons e meio, o cara(B7/D#) é uma dominante secundária! Claro que ele poderia ter ido para Em7 também.
No compasso 6, existe uma acorde de C#m7(b5), se esse tipo de acorde procura um acorde do tipo V7(localizado a quarta justa) está se formando um segundo cadencial. De fato, ele buscou um F#7(b9), entre C# e F# é mesmo uma quarta justa(2 tons e meio), resta ver se o F#7 vai buscar a resolução a uma quarta justa, buscou sim, indo para Bm7.  Mas Bm7 formou outro segundo cadencial com E7(4ª justa), resta ver se E7 é outra dominante secundária e vai  buscar seu acorde do campo harmônico(E7 é dominante de A7) , e, de fato, buscou A7(4/9). E finalmente A7 que é a única dominante primária do tom, resolve no D7M(grau I).
Análise harmônica é muito importante para entender a música. É como estar em uma via aérea, estradas que existem no céu e que os aviões seguem, mas quando a gente olha pra baixo e vê os rios, as ilhas, estradas, pontes, é que a gente entende onde está!!! Prefiro música, que não cai!
Ah! Já ia me esquecendo, essa música é a “Vitoriosa”, de Ivan Lins e Vitor Martins.
 Abraço,
Ivan Siqueira



24 - Intenções harmônicas

Quando eu tenho uma melodia a ser harmonizada, preciso decidir sobre quais notas da melodia devo colocar acordes. Na música popular, quase sempre essas notas estão no tempo forte de cada compasso, as outras notas eu considero como notas melódicas, notas de passagem, etc. Veja abaixo o “Samba do Avião”(Tom Jobim).









Não há uma harmonia “certa”, ou mesmo “melhor”, definitivamente não existe isso! O que existe são intenções harmônicas, ou seja, o que deseja o harmonizador?
Na harmonia acima, simplesmente foram usados acordes que contém as notas da melodia, e a intenção era apenas essa. Mas o harmonizador pode ter muitas intenções, uma delas poderia ser fazer com que os baixos de cada acorde caminhassem por graus conjuntos, ou seja, sem dar saltos, evitando o que acontece na harmonia acima. Então, se assim é sua intenção harmônica, a harmonia seria outra, veja uma opção:









Observe que o acorde de TÔNICA(grau I) já começa com a nota F# no baixo e no acorde de Bb7/F, o baixo desceu meio tom para a nota F. Em seguida, baixou para a nota E do acorde de Em7, e depois voltou para a nota F do acorde de Fº(b13). Em seguida aumentou meio tom e foi para a nota de F# do acorde de F#m7. Manteve a nota  F#  no acorde de F#7 e logo depois aumentou apenas meio tom para atingir o G7M. E ainda no acorde de C7/G manteve a nota G no baixo.
Você vê então, que a intenção era caminhar pouco com os baixos, e essa segunda harmonia faz isso, na primeira harmonia o baixo dá saltos. Qual a melhor? Não tem melhor, o que existe são intenções harmônicas! E, quando começam as intenções harmônicas?  Começam no momento em que você senta para harmonizar uma música. Qual a sua intenção?
Abraço,
Ivan Siqueira

  

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

23 - Harmonizando uma melodia dada

(Antes de ler esse post faça uma revisão dos posts 8 e 9, facilita entender)

Esse é um exercício bastante interessante, você tem uma melodia e deve harmonizar essa melodia. Você não ouviu nenhuma harmonia previamente feita por alguém, você vai fazer a primeira harmonia para uma nova melodia.  Veja a melodia abaixo:





A música está no tom de DO MAIOR. A melodia é livre para que coloquemos acordes harmonizando-a a nossa vontade. A primeira nota é uma nota sol. Eu poderia fazer um acorde do grau V ou V7, ou seja, um acorde de Sol já que a melodia tem a nota sol, mas eu sei que o acorde de grau I (C ou C7M) também contem a nota sol, o acorde de C é formado pela notas do-mi-sol, e o acorde de C7M é formado pelas notas do-mi-sol-si, então eu resolvi começar a música com o acorde de C, um acorde de TÔNICA(grau I).
A segunda nota é a nota dó. É claro que essa nota faz parte do acorde de C também, eu poderia simplesmente conservar o acorde de C, mas resolvi usar o acorde anti-relativo do acorde de C. O que é um acorde anti-relativo? É um acorde de função secundária que substitui um acorde de função primária(no caso o C). Como eu encontro esse acorde anti-relativo? Ele está sempre no grau VI da escala do tom, como o tom é DO MAIOR, o grau VI é o acorde de Am ou Am7, todos os dois acordes contém a nota dó da melodia, o Am tem as notas la-do-mi e o Am7 tem as notas la-do-mi-sol. Vou usar o Am7. Não pode dar errada a hamonia!
A terceira nota é uma nota fa. Aí, eu já dei uma olhada e vi que faltam 3 notas(que pedem 3 acordes) e aí já pensei se isso não daria um “segundo cadencial”. Um segundo cadencial é uma progressão de 3 acordes dos graus IIm7 – V7 – I. Como a nota a ser harmonizada é a nota fa, posso usar nela o acorde de Dm7, porque esse acorde tem as notas re-fa-la-do, você viu, tem o fa.
A quarta nota a ser harmonizada é a nota si. Eu estou usando um segundo cadencial, e preciso harmonizar com um V7, será que o G7 contém a nota si? Contém sim, as notas do G7 são sol-si-re-fa´, olha o si aí!!! Então, vou de G7.
A quinta e última nota a ser harmonizada é a nota do. Puxa, caiu como uma luva, para fechar meu segundo cadencial com o acorde de C. Assim, a minha harmonização ficou assim: 






Mas vamos supor que as notas originais da melodia fossem ligeiramente diferentes, apenas a quarta e a quinta notas, veja, a melodia agora termina com  duas notas mi:





Mas eu me determinei que desejo aquele segundo cadencial , ou seja, quero terminar minha harmonia usando IIm7 – V7 – I. Bem, ai eu tenho que pensar se no acorde de V7 cabe a nota mi? O acorde de G7 não tem a nota mi, ele tem as notas  sol-si-re-fa, mas se coloco uma nota mi nesse acorde ele vira um G7(13), a nota mi é o 13, e esse acorde é uma perfeita dominante de função V7, posso usar o acorde.
Para terminar a harmonia, usei na quinta nota, o mi, um acorde de C7M, porque esse acorde contem a nota mi, um C7M tem a notas do-mi-sol-si. Assim, minha harmonia ficou dessa forma:





Segui um caminho livre que me diz que posso usar acordes do campo harmônico que contenham as notas da melodia, ou acordes com notas acrescentadas, no caso, a 13 que usei em G7(13).
Vamos aprofundar a tecnica.

Abraço,
Ivan Siqueira

22 - Vem aí, cadências!

Quando eu ouvi falar em cadências, pela primeira vez na vida, não me lembro quando, era algo como cadência do samba! Aliás, acho até que isso é nome de um samba que tocava em um documentário sobre futebol, que havia no cinema e que passava antes do filme principal. Não tenho certeza se o nome da composição era "Cadência do Samba", mas o fato é que cadência era uma palavra relacionada a ritmo. Mas em se tratando de estudos de harmonia, cadência é outra coisa, são caminhos que a harmonia pode tomar, e isso, é uma coisa fantástica para um harmonizador, ele harmoniza com base em cadências, ele escolhe um caminho(uma cadência) e vai fundo!

Bem, estou apenas dizendo que o próximo assunto que vou tratar aqui nesse blog é esse, ainda hoje! Vou desnudar as cadências, e , inclusive as cadências de jazz, que podem ser usadas em choros, sambas, e muitos outros ritmos. João Bosco já usou cadências de jazz em suas músicas. Em “Bala com Bala”, por exemplo:















Veja, a partir de "Eu esqueço..." João usou a cadência de jazz, acordes de dominante de dominante. A harmonia é conhecida de todos, e está aí na internet para quem desejar pegar, não é isso nosso blog, é de onde vem essas coisas? Como posso fazer isso com minhas músicas? Posso usar isso em um chorinho? Que melodia permite usar cadências de jazz? Todas?  Tá brincando? Vem aí!

Abraço,
Ivan  Siqueira















21 - VIOLÃO - Dedo fixo na mão esquerda

No post de número 5 eu passei um exercício para violão com dedo fixo na mão direita, para evitar a dança da mão direita.
Agora vou passar um exercício com dedo fixo na mão esquerda, ele tem o fabuloso poder de estabilizar o movimento dos 4 dedos da mão esquerda solando em um quádruplo(um quádruplo são quaisquer 4 casas do violão, da casa 1 até a casa 4 em todas as 6 cordas). É que todo mundo tem a tendência de buscar as casas com movimento da mão, da munheca, e isso não é bom, apenas os 4 dedos devem se mover.

Vou falar de boca como é o exercício, depois apresento ele na pauta, mas se você entender minha explicação “de boca”, é só exercitar. Coloque seu dedo 1 da mão esquerda na casa1 da corda3(fina), ou seja, você está apertando a nota sol# com seu dedo 1. Vai fazer o exercício todo assim, dedo 1 fixo no sol#, não sai daí.
O que você vai tocar? Vai tocar desde a corda1(fina), até a corda 6(grossa) e voltar até a corda1. Seu dedo 1 está fixo, então você vai tocar com os dedos 2, 3 e 4. Comece pela corda fina, tocando 2, 3, 4, sobe pra corda2 e toque com 2,3,4; sobre para a corda 3 e toque 2,3,4(nessa corda tem o dedo 1 fixo, mas essa nota do dedo 1 não é tocada); sobe para a corda4 e toque 2,3,4; sobe para a corda5 e toque 2,3,4; sobe para corda6 e toque 2,3,4, e agora volta pelo mesmo caminho, corda5, corda4, corda3... etc.
O toque é com dois dedos da mão direita(i, m) vá alternando i, m assim:
i,m,i – muda de corda – m,i,m – muda de corda – i,m,i,   vai mudando de corda...
VEJA O EXERCÍCIO NA PARTITURA:







PARA QUEM NÃO LÊ PARTITURA
Se você não lê partituras, siga esse esquema abaixo. É o violão visto de cima. Veja o dedo 1 fixo na corda 3, na casa 1. E os dedos 2, 3, 4  vão tocando nas casas 2, 3  4  de cada corda, vão subindo e depois descem pelo mesmo caminho. Na mão direita toque alternando os dedos i, m (indicador e médio):











A eficácia do exercício é manter o dedo 1 da mão esquerda fixo na nota sol#(corda3, casa1).  E não posso deixar de avisar também que os dedos 2,3,4 da mão esquerda, cada dedo que entra fica fixo, até o dedo 4 entrar na casa4, no exato momento em que o dedo 4 entra na casa4 o dedo 2 levanta, para recomeçar na corda de cima,  a cada corda é assim. 

Abraço,
Ivan Siqueira